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Aconselhamento Bíblico Noutético – Orientação Para a Vida


O Evangelho e a Cultura

Rev. Olivar Alves Pereira

Uma palavra que me causa certa estranheza e dificuldade é a palavra “releitura”, especialmente, quando esta é aplicada ao Evangelho. Mas, o que quer dizer essa palavra? Reler significa ler novamente. Minha aversão não se trata do ato de reler um livro, um jornal ou este texto. Eu mesmo sempre releio livros (especialmente, a Bíblia).

                Quando, porém, dizemos que vamos fazer uma releitura de algum fato ou de algum assunto nossa intenção é encontrar erros que foram cometidos na leitura anterior e que levaram a comportamentos inadequados. De tempos em tempos, surgem pastores propondo uma “releitura do Evangelho” a fim de torná-lo mais aceitável e menos sisudo às pessoas. Veja por exemplo, na primeira metade do século passado, um movimento teológico que ficou conhecido “Teologia da Cultura” que teve como um de seus principais proponentes o filósofo e teólogo Paul Tillich. Este tentou por todas as formas interpretar o Evangelho à luz da Filosofia para torná-lo mais interessante ao homem pós-moderno (embora em seus dias não se falasse em Pós-Modernidade).

                Quais os resultados surgiram dessa “releitura” que Tillich (e outros) fizeram do Evangelho? Na década de 1960 surgiu um grotesco movimento teológico que ficou conhecido como “Movimento da Morte de Deus”, o qual dizia que: se o homem de hoje já não se importa mais com Deus, e Deus tornou-se para este homem alguém ou algo sem sentido é porque com certeza Deus não existe mais – Deus morreu. Como se o simples fato de negarmos Deus pudesse fazê-Lo morrer!

                Mais recentemente surgiram outros movimentos que a seu modo fizeram uma “releitura” da Bíblia e do Evangelho, tais como: Teologia da Libertação, um movimento católico no qual os pobres eram o alvo. Todos os textos bíblicos que falam sobre os pobres e a pobreza ganharam destaque; tem ainda a Teologia Feminista que visa promover a igualdade dos sexos e libertando a mulher da visão “machista” do Evangelho, ignorando assim que para Deus o homem não é mais importante que a mulher e nem a mulher mais importante que o homem (cf. 1Pe 3.7), mas, sim, o que há são diferenças de papéis e funções.

Mas, o festival de aberrações não para por aí. A cada dia surge um novo movimento propondo fazer as igrejas crescerem (a qualquer custo), chegando ao absurdo de adotar práticas e estratégias contrárias à Palavra de Deus, práticas estas que estão mais próximas do meio empresarial e comercial, como se Cristo precisasse mesmo dessas nossas técnicas. A Igreja de Cristo que sempre foi conhecida como “o Corpo de Cristo que se reúne” agora foi esquartejada em “células”, e para não dar um ar macabro muda-se o nome para “Pequenos Grupos”. A Igreja de Cristo que sempre teve como propósito ser conforme a imagem de Cristo (cf. Rm 8.28-30), agora é “com propósitos” dos mais despropositados possíveis! Tudo isso em nome de uma “releitura” do Evangelho, porque afinal, se o apresentarmos como ele foi apresentado nos tempos dos apóstolos não fará sentido algum ao homem dos nossos dias que não aceita qualquer coisa, que tem a mente aguçada e uma cosmovisão muito mais ampla, dizem esses tais “releitores” da Bíblia.

Não precisamos fazer uma releitura do Evangelho e da Bíblia; precisamos é ler e estudar a Bíblia; precisamos crer no que ela diz; precisamos obedecer o que ela ordena em vez de ficarmos questionando sua autoridade sobre nós. Precisamos nos lembrar sempre que:

A Palavra de Deus é eterna:  “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão” (Mt 24.35);

A Palavra de Deus é a Verdade: “Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17).

A Palavra de Deus é imutável e nada se acrescenta a ela: “Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra” (Mt 24.35).

“Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro” (Ap 22.18,19).

Não é o Evangelho que tem de se adaptar à cultura, mas, sim, é a cultura que tem de ser moldada pelo Evangelho. Meu irmão, influencie outros com a Palavra e não seja influenciado por outros com sua cultura permissiva e pecaminosa!



2 respostas para “O Evangelho e a Cultura”.

  1. Avatar de Ingrid Laila Santos Conceicao
    Ingrid Laila Santos Conceicao

    Olá,

    Poderia destrinchar um pouco mais essa crítica sobre as chamadas Células? Ao ler a bíblia, vemos que Jesus estava nas sinagogas e nas casas. O fato de haver semanalmente um encontro em casa não anula os três cultos que temos na igreja, com todos reunidos; não são coisas distintas, mas complementares. Vemos até como uma forma de incentivar os novos convertidos, nos apoiarmos. Diferente dos cultos, é um espaço espaço que permite uma troca maior, um ouve o outro. Enfim, achei curioso e talvez eu não tenha entendido bem.

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    1. Primeiramente, quero agradecer sua interação aqui no Noutesia. Deus a abençoe muito. E peço, que, se quiser, me ajude na divulgação do mesmo. Após a pandemia, as pessoas parecem ter perdido o gosto por textos e preferem vídeos.
      Quanto à sua pergunta, vamos lá. O meu post é uma critica e um alerta aos erros originados por falsos ensinamentos frutos das tais “releituras” do Evangrlho. No parágrafo onde falei sobre as células, não estou criticando essa prática em si, mas falando de movimentos que usam essa metodologia, como o antigo G12 é agora, o M12, movimentos esses que devastaram igrejas. Não sei se você é presbiteriana, mas como eu sou, falo olhando para a nossa herança Puritana. Os Puritanos não usavam pequenos grupos durante a semana. Eles se reuniam no Dia do Senhor, O adoravam e ouviam o sermão, o qual eram esmiuçado durante a semana nos cultos familiares (domésticos). Ali os pais explicavam mais detalhadamente aos seus filhos. Quanto aos tempos do Novo Testamento, vemos eles se reunindo nas casas (argumento usado para endossar os pequenos grupos hoje). Mas a ênfase sempre foi a reunião congregacional.
      Qualquer método deve estar inteiramente submetido ao conteúdo do Evangelho.
      Repito, minha crítica a todos esses movimentos citados aqui é porque em algum ponto, o método se tornou mais importante que a mensagem.

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