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Aconselhamento Bíblico Noutético – Orientação Para a Vida


Reflexões sobre o Natal

Rev. Olivar Alves Pereira

Quando medito sobre as lindas verdades que envolvem o maior evento de todos os tempos, o nascimento Daquele que foi enviado por Deus para salvar o Seu povo, o Senhor Jesus, o Filho de Deus, meu coração é tomado por intensa alegria de saber que faço parte de todo esse plano divino.

A Narrativa dos Evangelistas
A forma como cada um dos quatro evangelistas narra o nascimento de
Cristo é muito peculiar. Mateus o faz começando com a genealogia de
Jesus mostrando-O como um judeu legítimo, apresentando-O como “Rei dos
judeus”. Marcos não narra absolutamente nada, pois, começa diretamente com o ministério de Cristo, apresentando-O como o “Servo de Deus”. Lucas dá detalhes que lhes são exclusivos. Ele fala de ancestrais do Senhor Jesus que nem mesmo eram
do povo de Israel, e alguns até mesmo de reputação ruim, como o caso de Raabe que fora uma meretriz. O objetivo de Lucas é apresenta-Lo como o “Homem Perfeito”. João se ocupa em apresentar Jesus como “o Verbo Eterno” que se encarnou, por isso mesmo, fala de Cristo como aquele que sempre existiu junto com o Pai.


José e Maria
Outro fato que me chama a atenção aqui é o casal José e Maria. Se o
catolicismo dá uma ênfase errada a esses personagens conferindo-lhes louvor e adoração (isso é idolatria), nós evangélicos não podemos cair no outro extremo de ignorá-los. Ambos arriscaram suas vidas e poderiam sofrer até mesmo pena de morte,
pois, pelo fato de estarem comprometidos pelos laços matrimoniais (eram noivos, e
o noivado só poderia ser desfeito por meio de divórcio em caso de infidelidade e relações sexuais nesse período). De repente, Maria chega para José e lhe diz que está grávida, mas, não por ter traído ou coisa parecida, mas, sim, porque Deus a havia escolhido para ser a mãe do Redentor. A atitude de José é digna de admiração.
Mesmo confuso, deixou-a em secreto, não levou-a às autoridades e a denunciou como adúltera. Em vez disso, resolveu deixa-la secretamente (Mt 1.19). Quando visitado em sonhos pelo anjo do Senhor soube o que fazer com ela. E respeitando-a, não teve relações com ela até que Jesus nascesse (Mt 1.25). Eles cuidaram de Jesus sempre orientados por Deus (que bom seria se todos os pais fizessem o mesmo com seus filhos!). Algo que me chama a atenção no cuidado que eles tinham para com Jesus é o fato de que eles nunca “roubaram a cena”. O destaque sempre é dado a Cristo; José e Maria em momento algum são louvados na Bíblia por terem feito o que Deus lhes mandou. Houve uma ocasião em que alguém deu a entender que Maria deveria ser louvada por ter sido a mãe de Jesus, e o Senhor Jesus a repreendeu dizendo que bem-aventurados de fato são os que obedecem a Palavra de Deus (Lc 11.27,28).

O bebê que foi poupado para ser morto
Mateus narra que Herodes através dos magos do Oriente quando soube que havia nascido o “Rei dos judeus”, vendo-se enganado por eles (Mt 2.12),
ordenou que todos os meninos menores de dois anos fossem mortos, porque Jesus já estava mais ou menos com dois anos nessa ocasião (Mt 2.16-18). O menino Jesus foi poupado nessa ocasião para que no tempo determinado por Deus, uns trinta anos depois, Ele viesse a ser sacrificado em favor do Seu povo. Isso me mostra que nada foge aos planos de Deus e do Seu controle. Aqueles pequeninos que foram mortos, seu sangue caiu sobre Herodes e ele está respondendo por isso diante de Deus. Já o sangue de Jesus que foi derramado, foi por nossa culpa. Enquanto Herodes foi culpado do sangue daqueles inocentes, nós somos culpados do Sangue Inocente de Jesus. Que sejamos gratos a Deus o tempo todo, pois, por este sangue é que somos salvos e redimidos eternamente.


A gloriosa humildade de Jesus
A humildade para os gregos era sinal de fraqueza; para os romanos, vergonha; para nós cristãos, é reflexo do caráter de Cristo. Se para os “poderosos” desse mundo seria repulsivo e vergonhoso ver seus filhos deitados num bercinho qualquer, sem o requinte e glamour como que estão acostumados, Deus viu Seu santo e unigênito Filho nascer numa estrebaria, ser deitado numa manjedoura (onde se põe comida para o gado), nascer de uma pecadora, conviver com pecadores, ser zombado por pecadores, traído e maltratado por pecadores, para morrer por pecadores. Não é à toa que ao período que vai da encarnação ao sepultamento de Jesus os teólogos chamam de “estado de humilhação”. Na Sua humildade vemos a glória do Deus Eterno, pois, Ele “não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou,
tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2.6-8).

Isso sim é o Natal! Com certeza festejarei com meus familiares, mas, não me esquecerei de tudo isso, pois, sem Jesus nas comemorações as mesmas serão apenas festejos sem sentido. Quero apresentar Jesus às pessoas com a mesma intensidade dos Evangelistas; quero servi-Lo com a mesma dedicação de José e Maria; quero imitá-Lo em Sua humildade para que somente Deus seja glorificado em minha vida. É assim que quero comemorar o Natal.

Ad Majorem Dei Gloriam



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