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Aconselhamento Bíblico Noutético – Orientação Para a Vida


Quando o remédio errado é veneno

Rev. Olivar Alves Pereira

Um dia desses ouvi alguém fazer o seguinte comentário sobre um homem que foi acusado de praticar pedofilia: “Pobre homem! Ele é doente”. O que é um grave pecado e também um crime, tem se tornado um “comportamento doentio”, e, assim sendo, trata-se as coisas com o “remédio errado”, e neste caso, todos nós bem sabemos que um remédio errado é o mesmo que um veneno para o “doente”.

Em seu livro Sociedade sem pecado, (Editora Cultura Cristã), John MacArthur fez uma abordagem muito própria e acertada sobre a questão da culpa em nossos dias. A tese central de seu livro aponta para o fato de que as pessoas não gostam de conviver com a culpa. Até aí ele não disse nada de novo, pois, a Bíblia é repleta de passagens que apontam para esse fato. Desde nossos pais Adão e Eva, a humanidade vem fugindo da culpa, pois, esse sentimento é terrível, é assolador, é desesperador. Porém, o que MacArthur aponta em seu livro é o fato de que a nossa sociedade está tratando da culpa de forma errada. E como ela faz isso? Negando a existência da culpa, ignorando as “marteladas” na consciência. Mas, será que é possível mesmo neutralizar a consciência? Será mesmo possível calar esse precioso meio através do qual Deus fala ao nosso coração? Sim, é possível.

Para conseguir calar a consciência, nossa sociedade tem derrubado todos os padrões morais, especialmente os que a Bíblia, a Palavra de Deus, prescreve. Nossa sociedade diz: “Não há absolutos! Não há verdade absoluta! Ninguém é dono da verdade! Cada um tem a sua verdade!”. Um dia, conversava com um adolescente sobre os valores bíblicos e ele me disse: “Pastor, eu agradeço a sua preocupação comigo, mas, quero lhe dizer que eu já tenho a minha verdade, e, que, portanto, não preciso da sua verdade”, e eu lhe respondi: “Mas, quem foi que disse que essa verdade de que estou lhe falando é a minha verdade?”. Observe que quando derrubamos os parâmetros, os padrões absolutos (e para o crente em Cristo a Verdade não é um conceito, mas, sim uma pessoa – Jesus Cristo!), então aquilo que eu considero pecado, você pode pensar que não é pecado. E é nesse sentido que MacArthur diz que a nossa sociedade é sem pecado. Não que ela não tenha pecado e não seja pecadora, mas, sim, que ela nega a existência do pecado, porque não quer se sentir culpada.

Mas, essa “resposta” que a sociedade dá para questões como a pedofilia, por exemplo, chamando-a de “doença”, faz do réu uma vítima (coitadinho do pedófilo, ele é só um doente e precisa de cuidados), e da vítima um mostro (afinal, quem mandou aquela criança ficar perto daquele doente e sozinha com ele dando assim, chance para o azar?!).

Em contrapartida, o Evangelho trata o pecado como pecado, e ainda que tenha sido cometido por alguém que por algum motivo não esteja gozando de suas plenas faculdades mentais e emocionais, tal ato não deixa de ser pecado. E para tratar definitivamente do pecado e pôr um ponto final em tudo isso, só existe um meio, e este não é a negação da existência do pecado. O “remédio” certo e definitivo para o pecado é o que a Bíblia chama de Redenção.

                “A alma que pecar, essa morrerá”(Ez 18.20), esse é o veredito Divino para o pecado, e pelo fato de que “não há um justo sequer” (Rm 3.10), o pecado coloca toda a raça humana, tanto os equilibrados quanto os desequilibrados mental e emocionalmente, no mesmo patamar: “todos pecaram e carecem da glória de Deus”(Rm 3.23), e a menos que um ato Divino para nos redimir (comprar de volta para Deus) fosse executado, nenhum de nós poderia se redimir diante de Deus.

                O pecado não é resolvido com negação, dizendo que não existe pecado, ou que isso é invenção de líderes religiosos para aprisionar as pessoas em seus esquemas interesseiros e utilitários. O pecado não é resolvido com a abolição da Verdade Absoluta sendo substituída por um sem fim de mentiras que se propõem a ocupar o lugar da Verdade.

Na mesma linha de pensamento, também dizemos que a culpa não é resolvida com negação, indiferença ou até mesmo com medicamentos (muitos casos de depressão, síndrome do pânico, distimia, etc., têm origem numa culpa esmagadora sendo carregada por essas pessoas), mas, somente, com Redenção. Aquele que olha para o sacrifício de Cristo e Nele deposita toda sua fé e esperança, recebe a libertação e o cancelamento da culpa. O “remédio” certo é a Redenção, qualquer outro recurso é um “remédio errado”, e, portanto, um veneno. O coração que ouve a doce voz do Senhor Jesus lhe dizer: “perdoados lhe são os seus muitos pecados” (cf. Lucas 7.47), após confessar arrependido os seus pecados, vê sua condenação, medo e culpa por causa de seus pecados, serem totalmente cancelados pelas gotas do sangue de Jesus.

Ad Majorem Dei Gloriam



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