No Salmo 50.3 lemos: “
“Vem o nosso Deus e não guarda silêncio; perante ele arde um fogo devorador, ao seu redor esbraveja grande tormenta”.
Mas, houve um tempo em que Deus “guardou silêncio”. Conforme Romanos 16.25,26 este tempo foi na eternidade:
“Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério guardado em silêncio nos tempos eternos, e que, agora, se tornou manifesto e foi dado a conhecer por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno, para a obediência por fé, entre as nações”.
Destacamos aqui as seguintes verdades sobre esse “mistério guardado em silêncio nos tempos eternos”:
1) A unidade das Escrituras
Observe que o que Paulo chama de “meu evangelho”, isto é, a mensagem que ele pregou (e isto inclui suas cartas do Novo Testamento) é colocada em pé de igualdade com a “pregação de Jesus Cristo”, que por sua vez também é colocado em pé de igualdade com as “Escrituras proféticas”, isto é, o que foi dito e registrado pelos profetas do Senhor Deus no Antigo Testamento. E porque tal constatação é importante? Porque desde o fim do século XIX com o movimento da Teologia Liberal com sua crítica textual que ficou conhecida como a “baixa crítica” que entre outras coisas tinha como objetivo desmistificar a Bíblia, isto é, retirar do relato bíblico tudo que pareça ser mito e ficção para se encontrar o sentido do texto e a “essência” da fé, é muito comum ouvirmos as pessoas dizerem que o apóstolo Paulo distorceu o Evangelho de Cristo e acrescentou à mensagem de Cristo um moralismo que Cristo nunca ensinou. Em outras palavras, Cristo ensinou uma coisa e Paulo (e os demais apóstolos) outra.
Porém, aqui em Romanos 16.25,26 o que vemos é justamente o contrário. Vemos Paulo declarando que a sua mensagem está totalmente subordinada à mensagem de Cristo (o Novo Testamento) que por sua vez está totalmente alicerçada nos registros proféticos (o Antigo Testamento), que aqui ele chama de “Escrituras proféticas”.
Outra verdade que destacamos é:
2) A origem das Escrituras
A origem das Escrituras Sagradas é o próprio Senhor Deus que é quem confirma os crentes na verdade das Escrituras. A revelação do mistério do Evangelho de Cristo aconteceu no tempo determinado por Deus. Aconteceu por que Deus quis Se dar a conhecer. Ele nunca ficou sem deixar testemunho de Si mesmo (cf Atos 14.17), e, “vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gálatas 4.4), Deus então se revela a nós cheio de graça e de verdade na pessoa de Seu Filho Jesus Cristo que nos diz: “…quem me vê a mim, vê o Pai” (João 14.9).
Em Sua graça e misericórdia foi servido ao Senhor Deus orientar Seus servos no passado a registrarem as Sagradas Escrituras para que hoje pudéssemos conhece-Lo e assim consolar o nosso coração,
“Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Romanos 15.4).
Deus um dia rompeu o silêncio e fez-Se conhecido e hoje temos o Seu testemunho em todo canto do universo; em toda a Criação vemos a Sua poderosa mão confirmando a Sua existência; mas, é somente nas páginas das Sagradas Escrituras do Antigo e do Novo Testamento que podemos conhecer Àquele que nos revelou Deus em carne e osso: Jesus Cristo. E isso nos leva à última verdade que encontramos neste texto:
3) A resposta às Escrituras
Elas nos revelam Deus de forma clara sem deixar dúvidas quanto à vontade Dele para nossa vida. Assim sendo, Ele confirma, fortalece e nutre cada crente através da pregação do Evangelho. Por esta razão a mensagem da Igreja de Cristo não pode ser outra senão o Evangelho de Cristo. Em sendo pregado o Evangelho “segundo o mandamento do Deus eterno”, este deve ser recebido pelos homens “para a obediência por fé”. Assim, a reposta ao Evangelho é a nossa fé a qual se constata através da obediência. Eis aqui um ponto crucial da vida cristã: Fé é igual a obediência.
A Fé não é apenas um assentimento ou um estilo de vida. Isto é crendice, superstição. A Fé que se traduz em obediência ao que as Escrituras Sagradas ordenam é dom de Deus (Efésios 2.8-10), é gerada pelo Espírito Santo somente no coração dos eleitos (Tito 1.1). Por isso mesmo essa Fé é vista em atos de obediência a Deus. Não apenas creia que “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2Timóteo 3.16), mas, ame-a, obedeça-a com todo o seu coração.
Um dia Deus rompeu o silêncio e Se deu a revelar a nós. Ainda hoje e até o fim Ele Se revelará em Sua Palavra e esta sempre será como “um fogo devorador” que “ao seu redor esbraveja grande tormenta”. Sim, a Palavra de Deus tem o poder para amolecer e esmiuçar um coração, como também para endurece-lo. Ela também salva, como condena. Ela não depende de cremos nela para ser verdadeira; ela é a Verdade (João 17.17), e por si só ela se estabelece. Mas, que grande paz têm aqueles que amam a Lei do Senhor (Salmo 119.165).
Rev. Olivar Alves Pereira
Ad Majorem Dei Gloriam

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