Dois Salmos que, embora estejam distantes um do outro nas páginas da Bíblia, mas, que retratam uma mesma época para o povo de judeu é o Sl 137 e o 126. Leia primeiramente o Sl 137 e em seguida, o 126.
Quando o louvor se transforma em pranto (Sl 137)
Os judeus foram levados cativos para a Babilônia. A primeira deportação (foram três ao todo) se deu por volta de 608 a.C., quando Nabucodonosor invadiu Jerusalém com seu exército. Presos por cadeias, arrastados como animais, os filhos de Deus se encontravam “Às margens dos rios da Babilônia” (v.1), e suas lágrimas se juntavam com as águas desses rios. Assentados ali, choravam de tristeza e desolação. Foi um tempo de aflição. Para piorar a situação seus opressores, os babilônios, ainda exigiam que eles entoassem os louvores de Sião, os louvores que eram dirigidos a Deus, pois, afinal de contas, os judeus eram conhecidos por seus cânticos de louvor ao Seu Deus. Mas, as harpas foram penduradas, pois, como louvar a Deus longe do Seu templo em terra estranha (v.4,5)? Como louvá-Lo se o coração está carregado de amargura e tristeza (v.6), e o que mais se deseja é que os inimigos sejam vingados (v.7-9).
Algumas verdades que constatamos neste Salmo:
1) Foi Deus quem os levou para o cativeiro por causa do pecado deles. Estudando a mensagem de alguns dos profetas, constatamos que Judá foi levado cativo para a Babilônia por causa do pecado de idolatria. Depois de alertar o povo inúmeras vezes por meio dos Seus profetas, Deus cumpriu o que prometeu. Muitas vezes Deus nos leva para situações difíceis para nos corrigir. É um ato pedagógico de Deus quando Ele nos disciplina.
2) Deus não é nossa propriedade exclusiva. Deus é Deus não só em Jerusalém, mas, também na Babilônia, e em todos os lugares. Os judeus se esqueceram disso. O Deus de Israel não é Deus só em Israel. “Como, porém, haveríamos de entoar o louvor do SENHOR em terra estranha?” (v.4). Como? Entoando! Deus os levou para a Babilônia para que lá aprendessem a adorá-Lo com exclusividade. Foi por causa da idolatria que Ele os puniu com o cativeiro. Estando em Jerusalém, não adoraram somente a Deus, mas, curvaram-se diante de ídolos que suas mãos fabricaram. Em se tratando da adoração a Deus, não é o lugar que é importante para adorá-Lo, mas, sim, que em toda Terra o Senhor seja adorado com exclusividade por Seu povo. Às vezes Deus nos põe em aflição para que voltemos nossos olhos para Ele e para nos lembrar que somos propriedade exclusiva Dele (1Pe 2.9), mas, Ele não é propriedade de ninguém. Portanto, seja qual for a sua “Babilônia” (sofrimento) Deus deve ser adorado bem no meio dessa “Babilônia” (sofrimento).
3) Devemos louvar a Deus para que o nosso coração não fique amargurado. Outra verdade que salta aos nossos olhos no Sl 137 é a amargura, o ódio e o desejo de justiça que os judeus traziam em seu coração contra os babilônios. É justamente isso que acontece conosco quando deixamos de louvar a Deus enquanto passamos por lutas e dificuldades. Enquanto adoramos a Deus Ele molda o nosso coração para entender que as tribulações não são meros meios de sofrimento, mas, sim, “professores” divinos que nos ensinam a dobrar nossos joelhos diante de Deus e confiarmos somente no Seu poder.
Quando o pranto se transforma em louvor (Sl 126)
“Quando o SENHOR restaurou a sorte de Sião, ficamos como quem sonha” (v.1). E como fica quem fica como quem sonha? Extasiado! É riso nos lábios, é louvor na língua e no coração, é canção cheia de júbilo louvando a Deus (v.2). E o testemunho que fica “entre as nações” é que “Grandes coisas o SENHOR tem feito por eles” (v.2). E é verdade mesmo! Deus tem feito grandes coisas por nós “por isso estamos alegres” (v.3). O rio agora é outro; agora é o Neguebe e não mais os rios da Babilônia. O Neguebe é um rio atípico. A maior parte do tempo ele é apenas um filete de água e em alguns pontos seca-se totalmente. Mas, as geleiras das montanhas ao derreterem-se com o calor da primavera, fazem descer um aguaceiro tão forte que aquele filete de água se torna um torrencial tremendo de uma hora para outra. Por isso o salmista declara que a semeadura sofrida daqueles que confiam em Deus será compensada com uma colheita exuberante e farta. E assim Deus transforma o nosso pranto em louvor. Em tempos difíceis é momento de chorar, mas, não permita que o choro embace seus olhos a ponto de você não mais ver a grandiosidade de Deus e do que Ele está fazendo em sua vida. Chore aos pés de Deus, pois, Ele tem o consolo para o seu coração. Não pendure sua harpa, não deixe de louvá-Lo aí mesmo onde você está. Não pense que a restauração de Deus é algo que acontece depois que o sofrimento acaba. Não! A restauração de Deus acontece enquanto o Neguebe está seco, enquanto a semeadura é chorosa e sofrida. Em meio ao turbilhão da tribulação Deus está restaurando o seu coração enquanto você O louva. O riso substituirá a tristeza, o testemunho da fidelidade de Deus substituirá as lágrimas dos seus olhos, sua língua não se apegará ao paladar, mas, prorromperá em louvor e júbilo na presença de Deus!

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