“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem” (Efésios 4.29).
Sempre que se fala sobre os pecados que cometemos com o mau uso da língua (palavras) começamos pela mentira, depois, pela falsidade, fofoca, palavrões, e lá, bem no final da lista (se lembrarmos) entra a murmuração.
O que é a murmuração?
O ato de ficarmos reclamando das coisas, pessoas ou situações, recebe o nome de murmuração. Ela tanto pode ser expressa em voz alta (gritos, xingamentos, etc.) como balbuciada, resmungada. A murmuração é pecado porque mostra o nosso descontentamento com aquilo que Deus está fazendo em nossa vida. Não reclamamos dos nossos pecados, pelo menos não da mesma forma que fazemos dos pecados dos outros.
No que a murmuração ofende a Deus?
Obviamente, por ser pecado; só isso já é suficiente. Porém, por ser a murmuração a demonstração do nosso descontentamento com o que Deus está fazendo em nossa vida, demonstramos não conhecer a Deus e muito menos mostramos às outras pessoas como Ele é maravilhoso. Em vez disso, julgamos que somos merecedores de algo melhor, e expressamos nossa ingratidão a Deus pelo cuidado que Ele tem tido conosco. A murmuração é, portanto, um ato que depõe contra Deus chamando-O de mentiroso quando Ele diz que cuida de nós.
O que acontece quando murmuramos?
Além de depormos contra Deus, chamando-O de mentiroso, e isso traz confusão às pessoas, quando murmuramos também nos prendemos num ciclo pecaminoso e desastroso, porque a murmuração só traz mais azedume para o nosso coração. Palavras cheias de murmuração brotam de corações amargos e amargurados, pois
“a boca fala do que está cheio o coração” (Lucas 6.45).
Quando murmuramos (expressamos nossa amargura) afetamos aqueles que estão ao nosso redor: (1) pais que murmuram por causa do comportamento de seus filhos, em vez de ajudá-los a viverem para a glória de Deus, promovem mais desânimo em seus corações (Colossenses 3.21); (2) cônjuges que vivem murmurando um do outro matam quaisquer sentimentos bons que lutam por aflorar no dia a dia (1Pedro 3.1-7); (3) membros que murmuram a respeito da sua igreja, não só passam a vê-la com desprezo como se julgam bons demais para frequentá-la. Além disso se esquecem de que estão falando mal da Noiva de Cristo por quem Ele Se entregou (Efésios 5.25-28). A Bíblia narra a história do povo hebreu que foi conduzido por Moisés no deserto. O povo murmurou porque teve sede (Êxodo 15.24); murmurou por que teve fome (Êxodo 16); murmurou novamente porque estava com sede (Êxodo 17), e o resultado disso foi que Deus os castigou fazendo com que enquanto aquele geração mais velha não morresse, o povo não entrasse na terra prometida.
Como vencer o pecado da murmuração?
Sempre busque o poder de Deus que está à sua disposição para enfrentar qualquer pecado (1coríntios 10.13). Todas as vezes que pecamos ou foi porque quisemos fazer a nossa vontade em vez da de Deus, ou porque mesmo querendo fazer a vontade de Deus não lançamos mão do Seu poder que Ele nos concede para vencermos o pecado.
Cuide do que entra em seu coração, só assim sairá da sua boa aquilo que será edificante. O Senhor Jesus mesmo nos mostrou que não é o que entra pela boca (referindo-se a alimentos) que contamina o homem, mas, sim, o que sai (Mateus 15.18), isto é, palavras que não estão conformes o padrão bíblico. Mas, como saber se uma palavra será edificante? Basta vermos a sua necessidade e se ela está transmitindo graça (de Deus) aos que a ouvem.
O “novo” Israel com os velhos pecados.
Voltando à história do povo hebreu no deserto, com muita facilidade os criticamos, pois, como puderam murmurar tanto uma vez que Deus foi tão bondoso com eles? Porém, o que nos esquecemos é que não somos nem um pouco diferente deles. Temos sido tão abençoados por Deus, nada necessário nos falta, e mesmo assim, ainda reclamamos da vida. Em nada nos diferenciamos dos hebreus no deserto. Ainda vivemos como se Deus nos devesse algum favor. Lutemos contra a murmuração, resistamos a tentação de murmurar. Em vez disso, exercitemos a gratidão a Deus por tudo o que Ele tem nos feito, e ainda que o que ele estiver fazendo conosco seja dolorido e desconfortável, que lembremos sempre que o que Ele está fazendo em nós é algo maravilhoso (Zacarias 8.6). Que da nossa boca não saia nenhuma palavra torpe (inútil, sem honra), mas, sim, somente a que glorificará a Deus!

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