Rev. Olivar Alves Pereira
Quando pensamos na Igreja de Cristo, um erro muito comum é o de pensarmos que esta surgiu apenas nos dias dos apóstolos tal como está registrado no livro de Atos. É fato que ali o assunto ficou mais evidente. Porém, a Igreja de Cristo nasceu bem antes disso.
A Igreja ontem (no Antigo Testamento). Nos dias do Antigo Testamento, o povo de Israel sob a liderança de Moisés era chamado de: congregação (עֲדַ֤ת), santa convocação (מִקְרָא־קֹ֔דֶשׁ), assembleia (מִקְרָא), ajuntamento (קְהַ֥ל). Todas essas designações apontam para o ato de reunir, chamar para dentro os que estão fora, daí a ideia de “ajuntamento”. Daí podermos dizer que Israel era a Igreja de Deus nos dias veterotestamentários. Deus então, escolheu Israel para ser o Seu povo, e todos quantos quisessem entrar no povo de Deus, mesmo que não fossem israelitas, deveriam entrar em Israel por meio da circuncisão (Gn 17.11-12), tornando-se assim, parte do povo de Deus. Naqueles dias, o povo de Deus foi convocado, chamado para reunir-se em Sua presença a fim de aprender a adorá-Lo, e assim fazê-lo.
A Igreja hoje (no Novo Testamento). Antes de prosseguirmos, é importante ressaltar que estamos vivendo nos dias do Novo Testamento, e que este não está restringido somente aos dias apostólicos, registrados nos Evangelhos e em Atos. No Novo Testamento, a Igreja é o povo de Deus, tanto que é chamada de “Israel de Deus” (Gl 6.16). A palavra “igreja” vem do grego ekklesia (ἐκκλησία) que é a junção de duas palavras ἐκκ (para fora) e κλησία (chamado). Assim, enquanto no Antigo Testamento, o povo de Deus era chamado para reunir-se diante Dele, no Novo Testamento, o Seu povo, a Igreja é chamada para fora, para sair, para expandir-se, indo a todos os cantos da terra, levando o Evangelho, para que corações sejam convertidos a Cristo, e assim, se unam à Igreja para adorá-Lo.
A Igreja eternamente. Chamada para dentro (no Antigo Testamento), chamada para fora (no Novo Testamento), para, enfim, ser chamada para a glória eterna. Se um romanista zomba de mim dizendo que sou um órfão de mãe, porque diferentemente dele, eu não tenho uma mãe no céu (os romanistas dizem isso em relação à Maria, a quem eles consideram sua mãe celestial), eu respondo mostrando-lhe que ele está completamente equivocado. Eu tenho sim, uma mãe nos céus, e ela é a Nova Jerusalém. Em Gl 4.26 lemos: “Mas a Jerusalém lá de cima é livre, a qual é a nossa mãe”. Pertenço à Pátria Celestial, à Nova Jerusalém. Voltando ao nosso ponto central aqui, é importante entendermos que Deus constituiu para Si mesmo um povo (Tt 2.14) para que este O adore neste mundo e na eternidade. Isso me faz pensar no pouco caso que muitos crentes fazem com o Dia do Senhor e o Seu culto. É lamentável vermos que muitos deixam a Casa de Deus no Seu dia para fazerem outras coisas que lhes são mais importantes e mais atrativas. Tais pessoas não têm o seu prazer em Deus, e nem mesmo demonstram zelo pelo Seu culto. Não há atividade mais sublime para pecadores como nós do que reunirmo-nos no Dia do Senhor para adorarmos ao Senhor! Quem não alimenta prazer algum em reunir-se com o povo de Deus hoje, não deve alimentar nenhuma esperança de passar a eternidade com ele nos céus.
A razão de ser e existir da Igreja ontem, hoje e eternamente é para o louvor e glória Daquele que nos chamou do mundo, nos comissiona a sairmos pelo mundo chamando outros ao arrependimento para a salvação!
Ad Majorem Dei Gloriam

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